segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lada Niva


Lada Niva

De R$ 7 200 a R$ 12 400

Está pensando em entrar no mundo da lama, mas a grana não dá para comprar um confortável utilitário esportivo? Também não pode se dar ao luxo de ter um Willys velhinho para sofrer nas trilhas além de um automóvel comum para o dia-a-dia? Então é hora combinar um 4x4 de respeito com um modelo de cabine fechada e suspensão mais macia. Por preços entre 7000 e 9000 reais, pense seriamente num Niva.

É um modelo valente no fora-de-estrada, que encara as piores trilhas melhor que muito utilitário moderno que há por aí - graças a entreeixos curto, rodas aro 16, tração nas quatro rodas com reduzida e bloqueio de diferencial central. Mas vai ter que se acostumar com o barulho excessivo e o alto consumo - menos de 8 km/litro. Antes de desistir, pense que se fosse um jipe Willys seria o mesmo consumo, nível de ruído pior, pouquíssimo conforto e nenhuma proteção contra a chuva.

Encontrar um Niva para comprar não é difícil, o trabalho é achá-lo em bom estado. Em geral ou está mal cuidado ou com ótimo aspecto e todo equipado com acessórios para off-road, o que faz seu preço ir para as alturas. Os problemas de qualidade no acabamento e na mecânica são muito mais freqüentes que o desejável, obrigando seus donos a criar uma série de adaptações, que funcionam bem e são baratas (veja na pág. ao lado). O jipe era baseado nos antigos projetos da Fiat, o que explica a grande equivalência de peças com o 147.

O Niva começou a ser importado da Rússia em 1991, com um motor 1.6 de 70 cavalos. Também havia a versão CD, com volante esportivo e caixa de direção Gemmer, bem mais confortável. A versão Pantanal era preparada no centro operacional da empresa no Brasil e vinha com volante Momo, caixa Gemmer, quebra-mato e bagageiro no teto, faixas decorativas e guincho Warn para 1800 quilos. Há ainda a pouco conhecida RC (Road Cruiser), com tampa traseira maior, lanternas traseiras verticais, novo painel de instrumentos, freios mais eficientes e juntas homocinéticas. Raridade mesmo é o Niva 1.7i, como injeção monoponto e 82 cavalos de potência. Mas ele já virou mosca-branca: um modelo 1998 custa na tabela 18 500 reais.

Fuja da roubada

Cuidado com latarias modificadas, como recortes no pára-lama, pára-choque removido e buracos para acessórios off-road. Só torna mais difícil seu uso e conserto, além de favorecer a corrosão. Também evite aqueles com roda-livre, mais sujeitos a quebras, já que não é original de fábrica.


A voz do dono

"Eu uso meu Niva no dia-a-dia na cidade. Ele não tem muita agilidade - é até pior do que um 1.0. Mas, na hora de passar por buracos ou áreas alagadas, não tem igual. Já fui pescar e andar em fazenda com ele e, para isso, não tenho uma reclamação. Quanto à manutenção, não há dificuldade. Muita gente comercializa as peças e elas não são caras."

Alexandre Serra, 30 anos, técnico em soldagem, São Paulo (SP)

O que eu amo

"Gosto da altura do carro na cidade, pois a posição é mais alta que a dos outros veículos. Isso dá uma sensação de segurança."

Luiz Amaral Andrade Filho, 34 anos, técnico em computação, Porto Alegre (RS)

O que eu odeio

"Detesto o acabamento, que apresenta muitos problemas e vai se desmontando sozinho. Podia ser um pouco melhor."

Jerônimo Kastinoff, 30 anos, vendedor, Belo Horizonte (MG)

Pense também em um

Suzuki Vitara

Se estiver com folga na conta bancária, invista em mais conforto e desempenho. Tudo bem que o Vitara custa quase o dobro de um Niva, mas vale a pena. O desempenho, o nível de ruído e o acabamento interno são de um automóvel de verdade, nada lembrando o espartano interior do Niva. Se quiser mais espaço, há ainda a versão de quatro portas, chamado de Sidekick. Pode ser encontrado tanto na versão de teto rígido como de lona. Cheque bem a parte inferior do modelo duas portas, que costuma ser muito usado em trilhas.

Nós dissemos - Maio de 1992

"Um jipe por excelência. É assim que o Niva deve ser encarado. (...) Um bom exemplo é a suspensão dianteira independente, que deixa um bom vão livre até o solo, e a tração integral permanente com diferencial central e bloqueio, para vencer qualquer tipo de terreno. (...) Na pista, contudo, uma constatação óbvia: o Niva não gosta de asfalto. Seu consumo é muito alto para um motor 1.6 (6,4 km/l na cidade). O nível de ruído chega a ser ensurdecedor, superando os 80 decibéis."

Onde o bicho pega

Motor - Verifique se na ponta do escapamento não há uma borra - sinal de que anéis ou retentores de válvulas estão com problemas. Barulhos metálicos na parte superior ou inferior do motor indicam em geral avarias no cabeçote e mancais do virabrequim, respectivamente.

Acabamento - A Lada fabricava quase tudo em seus carros e não adquiria peças de fornecedores, como fazem as montadoras. O resultado é uma série de problemas de qualidade em relação à montagem e às próprias peças. Olho vivo em rachaduras e defeitos no painel, componentes do sistema de ventilação e forrações.

Transmissão - Verifique se a reduzida funciona e se a tração 4x4 está em ordem. Um teste prático: encoste o Niva de frente no meio-fio da calçada e engate a primeira mais a reduzida. O carro precisa subir sem trancos ou vibrações.

Corrosão - Faça um exame cuidadoso nas caixas de ar (sob as portas) e extremidades dos pára-lamas dianteiros e traseiros, além do assoalho em geral. Procure marcas de solda ou pintura em mau estado nesses locais. O uso de um ímã ajuda a denunciar porções fartas de massa plástica.

Caixa de câmbio - Em movimento, engate a quarta marcha em baixa velocidade e reacelere. O Niva deve retomar velocidade sem trancos e vibrações exageradas. Depois, com o carro parado mas motor ligado, coloque a reduzida na posição neutra e engate - sem usar a embreagem - todas as marchas, que devem entrar sem esforço.

Jeitinho brasileiro
Alguns carros que podem ceder suas peças ao Niva

Fiat 147: filtro de óleo, bomba de gasolina, fusíveis, hidrovácuo, cilindro-mestre e válvula equalizadora do freio, carburador, maçaneta de porta, máquina e maçaneta de abertura de vidro, guarnição da tampa traseira.
Opala: amortecedores e molas dianteiros
Pampa: amortecedores traseiros
Passat: cabo de velocímetro, guarnição do pára-brisa, descansa-braço
Fiat Uno: palheta do limpador traseiro
Corcel II: molas traseiras e quebra-sol
Motores VW AP: correia do alternador, retentores de válvulas
Tempra: alternador
Santana: motor de arranque
Chevette: faróis (até 1980)

* Reportagem publicada na edição deoutubro de 2005 da revista QUATRO RODAS

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